quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Surpresas

Os olhos não brilharam.

Não houve a menor excitação. 

A surpresa se revelou uma grande decepção.

Enquanto um ardia de febre e desejo o outro padecia em coma total.

São tantas as suposições que é melhor nem pensar.

É tanta a vontade de agir por impulso, que é necessário pensar um pouco mais.

Caminham de mãos dadas, um olhando para o céu e se equilibrando na mureta do jardim, o outro de cabeça abaixa resmungando um lamento qualquer.

Saudades de um tempo em que eramos capazes de voar. Saudades dos toques que envolviam meu corpo e atordoavam minha mente. 

Verdades omitidas nem sempre eram mentiras. Mentiras secretas não consegue esconder a realidade.

Aquele tempo passou. Talvez seja hora de deixá-lo passar. 

Ainda não posso compreender quem criou essas regras absurdas.

Preciso ficar e preciso ir. 

Impossível conter o desejo. Impossível saciá-lo.

Braços, ombros, mãos firmes acariciando minha pele. Minhas fantasias já não são suficientes.

Arrebata-me ou perca-me. Pois áreas improdutivas são passíveis de invasão.

Meu nome é Sarah B. - Sou autora do blog: "Borboletas também choram"

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Em chamas

"Já cantava a Rita Lee: "Venha me beijaaaar, meu doce vampiro" - "Venha sugar o calor de dentro do meu sangue, vermelho"

O corpo em chamas clama por tua presença.

-Venha me beijar! Venha tocar meus lábios e meu corpo como outro homem jamais tocou. Ouça meu chamado! Descubra meu endereço, me arranque desses anseios que invadem minha mente a todo momento.

Quero ser arrebatada de minha rotina e levada ao país das maravilhas.

Mas não sou uma Alice qualquer. Não ando com um vestido rodado, procurando algo que nem sei o que é.

Sei bem o que procuro. Procuro você, pelas ruas, pela cidade, em meus sonhos secretos.

Procuro realizar minhas fantasias e arrancar essa calcinha úmida para me conectar com sua energia.

Meu corpo está em chamas. 

Onde está você?"


Meu nome é Sarah B. - Sou autora do blog: "Borboletas também choram"

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Corpos tatuados, corpos malhados, corpos suados

A lua cheia no céu, o período do ciclo, a imaginação sendo estimulada mais do que o próprio corpo.

Algo estava mexendo com a cabeça daquela mulher, que passara a olhar os homens com um novo desejo.

Pessoas que antes passavam despercebidas, tornaram-se obras de arte. Admiradas mas intocáveis.

Cada curva de um braço forte, cada movimento, cada letra tatuada nos dedos das mãos.

L.O.V.E. não represente o sentimento despertado. 

F.I.R.E faria mais sentido.

Uma chama percorre o corpo da mulher que observa com olhos selvagens, ansiando por um toque capaz de arrepiar todos os pelos de seu corpo.

A Leoa está no cio. Caminha em busca de uma presa para alimentar sua fome, sua sede, seu desejo, seu calor.

Olhando o trabalhador, imagina cenas "calientes", um ataque inesperado, beijos, abraços, mordidas, relações sexuais em lugares proibidos, o risco do flagrante.

Qual a possibilidade de algo assim acontecer? Nenhuma. Ou quase nenhuma. 

Uma pena!

Seu corpo está em chamas, sua alma ferve e transborda lavas incandescentes. Necessita de sexo com paixão e tesão. Necessita de um homem que possa saciá-la com orgasmos intensos.

Culpa da lua cheia? Culpa do ciclo? Culpa de uma fértil imaginação!

Meu nome é Sarah B. - Sou autora do blog: "Borboletas também choram"


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Janela indiscreta


Pela janela do quarto ela viu um homem se masturbando.

Não conseguia ver seu rosto, se estava sozinho ou acompanhado, mas via seu corpo nu pela janela do quarto.

Ficou ali observando, mais por curiosidade do que por prazer. 

As mulheres dependem muito mais do toque, dos beijos intermináveis e do sussurro indiscreto para lhes despertar o tesão.

Mas então, viu que ele espiou para se certificar de que ela estava olhando.

O "show" era para ela!

A cena teve uma nova perspectiva. Naquele momento, não era mais um vizinho brincando sozinho com seu brinquedo predileto. Era um homem, oferecendo para uma mulher, toda sua virilidade, mesmo que à distância. Pela janela do quarto.

Sentiu-se envaidecida e apesar de todos os riscos, continuou ali, parada, observando. Mil coisas passaram por sua cabeça, e no ímpeto de seguir todas as convenções das mulheres direitas, fechou sua janela.

Ouviu o homem fechar sua janela também.

A cena ficou em sua memória, e mudou sua rotina diária. Preocupava-se em arrumar-se antes de passar pelo quarto de janelas abertas. Ele podia estar observando.

Mas então, a janela aberta tornou-se um convite para o show do vizinho solitário. Toda vez que ele via a luz do quarto se acender, iniciava seu espetáculo à espera da espectadora.

Apesar de toda honra, a circunstância tornou-se definitivamente inconveniente. Outra pessoa poderia estar ali. Um homem, uma criança, uma empregada da casa. A mulher decidiu por um fim ao show. Não podia estimular o ator, mesmo porque, ele sabia seu endereço, e poderia querer fazer uma encenação ao vivo e a cores, sobre seus lençóis, em uma noite qualquer.

A janela do quarto ficou fechada por dias e noites, anunciando o fim da temporada. O show nunca mais se repetiu. Ainda que ela tenha saudades, e algumas vezes olhe ansiosa para a janela do vizinho, aquela relação acabou.

The end!

Meu nome é Sarah B. - Sou autora do blog: "Borboletas também choram"

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Menina má

♫ Quem sabe eu ainda sou uma garotinha,
Esperando o ônibus da escola sozinha,
cansada com minhas meias três quartos♪

♫Rezando baixo pelos cantos. POR SER UMA MENINA MÁ♫


Quantas meninas más eu conheço?

Quantas meninas que vivem uma vida toda certinha, fantasiando histórias picantes.

Quantos beijos, abraços. Quanto desejo existe no mundo secreto das boas meninas?

A menina má enxerga sorrisos, percebe olhares, sente na pele o calor de quem deseja tomá-la nos braços.

A menina má pode ser intocável, intocada, mas traz na memória a lembrança de todos os sonhos proibidos que não realizou.

A menina má gostaria de sair da pele de moça honesta e cair na farra com o moço do sorriso luminoso, ou aquele dos braços fortes.

Quem sabe, almoçar com o atleta, e descobrir que algumas atividades físicas não causam congestão.

E o almoço pode durar horas intermináveis de prazer.

♫Bobeira é não viver a realidade
e eu ainda tenho uma tarde inteira♫

Meu nome é Sarah B. - Sou autora do blog: "Borboletas também choram"


quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Entrevista

Repórter: Sarah, quem é você?

Sarah: Eu sou uma mulher como tantas outras, que ri, que sofre, que tem amigos e amores mas muitas vezes se sente só. Uma mulher que gostaria de contar seus segredos, mas teme ferir os outros. Tenho misteriosos segredos, como você, e descobri uma forma de revela-los sem atingir ninguém.

Repórter: Você é real?

Sarah: Sim, eu sou real. Você nunca irá ver meu rosto, mas você vai me reconhecer quando me encontrar. Algumas vezes estarei em um jantar de família, na pele de uma irmã ou cunhada. Outras vezes serei sua amiga recentemente divorciada. Serei sua mãe, sua filha, serei você, por trás dos olhos, repletos de lágrimas, que se admiram no espelho do banheiro.

Repórter: Como é seu verdadeiro nome?

Sarah: Meu nome é Sarah B. - Sou autora do blog: "Borboletas também choram"

Repórter: Quantas mulheres enviam suas histórias para Sarah B.?

Sarah: Todas as mulheres que eu conheço, as amigas de minhas amigas, as mulheres que existem dentro de mim, a mulher que eu sou hoje e aquela que fui a vinte anos atrás. Umas são idosas, outras adolescentes. Umas estão casadas, outras esperam o príncipe encantado. Algumas já beijaram tantos sapos que estão com os lábios inchados. Outras tem os olhos inchados de tanto chorar.

Repórter: "Borboletas também choram" conta a história dessas mulheres. As mulheres são as borboletas a que se refere o título do blog?

Sarah: Borboletas são graciosas, suas asas são belas, seu pouso é suave. Toda borboleta é delicada, mas capaz de enfrentar ventos fortes. Sim, as mulheres são borboletas!

Repórter: Por que dizer que borboletas choram?

Sarah: Por mais bela que seja a mulher/borboleta, por trás de toda beleza pode haver sofrimento. Mesmo enfeitada com cores alegres, com brilho nos olhos, em alguns momentos, lágrimas escorrem de seus olhos, quando ninguém está observando. 

Repórter: Você também chora?

Sarah: Você também chora? (Repete a pergunta para a repórter)
           Muitas vezes, os segredos revelados no blog me emocionam. Mas nem sempre eu choro. Já chorei muitas lágrimas, pelos mais diversos motivos. Hoje, mal consigo chorar. Hoje, choro palavras, que escorrem pelas pontas de meus dedos, e se transformam no material que exponho no blog.

Meu nome é Sarah B. - Sou autora do blog: "Borboletas também choram"


terça-feira, 1 de outubro de 2013

Borboleta zangada

A Borboleta é bela e formosa,

mas algumas vezes é mais feroz que um zangão.

Não se iludam com suas asas multicoloridas, com seu voo gracioso.

Borboletas que choram, também se zangam.

Elas esperam mais das flores. Mais do que o exibir de suas pétalas, o exalar de seu perfume.

Elas querem que as flores retribuam seu toque, demonstrem seu prazer.

Mulheres e borboletas são semelhantemente belas e frágeis.

Ambas desejam sentir-se desejadas por homens e flores.

O pouso de uma tem que ser o acolhimento da outra.

Conectadas em uma doce ligação.

Que nenhum vento distraia a flor ou a borboleta. Que o canto das aves não perturbem a sedução de tão sublime momento.

Pois a flor precisa da borboleta e a borboleta precisa da flor.

Quem não se empenha nessa conexão, pode virar aeroporto desativado, sucateado. E a borboleta irá procurar outras flores, talvez não tão belas, talvez não tão perfumadas.

Flores que retribuam seu toque. Flores que se lembrem de seduzi-la e demonstrem o desejo de se conectar com a borboleta.

Borboletas não fazem escalas rapidinhas.

Borboletas zangadas preferem ignorar a flor, e voar incansavelmente à fazer um pouso forçado, que não satisfaça nenhuma das partes.

Meu nome é Sarah B. - Sou autora do blog: "Borboletas também choram"